O menino e a chama
Condutor da tocha Olímpica em Sobral, menino de 14 anos foi indicado pelo Unicef
Policial, professor de matemática e jogador de futsal. Edilson Freitas da Silva Filho, estudante do 9º ano e de 14 anos, sonha em ter, no futuro, uma das três profissões. Pensar a vida adulta só passou a fazer parte da imaginação do menino quando ele deixou sua escola de ensino tradicional e passar para um colégio de período integral, onde o menino tímido passou a ser líder e se destacar. Nesta quarta-feira (8), o garoto conduziu a tocha Olímpica e acendeu a pira da celebração em Sobral (CE), como parte da parceria do Unicef com o Rio 2016, que levará ainda mais duas meninas e dois meninos para conduzir a chama e representar 2,2 bilhões de crianças e adolescentes de todo mundo e a missão de incluí-los no universo esportivo.
“Estou muito feliz, porque represento minha cidade, meu distrito, minha escola. Ando no corredor do colégio e todo mundo fala 'olha o famoso'. Mas não ligo. Depois que passar o revezamento, tudo vai voltar ao normal”, comentou Edilson, que virou a estrela do distrito de Aracatiaçu, onde estuda, a 60 quilômetros de Sobral, antes do dia da condução.
Além da timidez, Edilson era retraído até sair de sua antiga escola para a atual, o Cesti (Colégio Sobralense Experimental de Tempo Integral) Maria de Lourdes de Vasconcelos, onde está desde a metade de 2014. O formato de ensino tradicional, de quatro horas por dia, dificultava a equipe da escola de trabalhar o lado emocional do garoto.
“Ele era muito calado, tinha dificuldade de socializar. Em menos de dois anos, ele tem outra performance. Conversa, tem maturidade, se posiciona. Ainda é tímido, mas já deu saltos. Ele assumiu um compromisso com ele de que a sua vida vai dar certo. Essa superação foi o que nos fez indicá-lo para conduzir a tocha”, explica Serginho Presley, diretor da escola.
Já no colégio atual, além das disciplinas tradicionais, aulas de projeto de vida, formação humana e protagonismo juvenil desenvolveram características de liderança em Edilson, que agora encabeça o Clube dos Inspetores Mirins, que auxilia funcionários da escola e orienta os outros alunos a não jogar lixo no chão ou manter o banheiro limpo. O garoto também é louco futebol e participa de torneios no ginásio poliesportivo da escola.
“Eu achava que não podia nada. No ensino integral, comecei a dar a minha opinião, vi que posso conquistar o que eu quero. Fui me soltando mais, perdendo a timidez nas aulas de projeto de vida e protagonismo juvenil. Isso mudou minha vida", garante.
Confira o vídeo do jovem no twitter oficial do Evento
No palco, logo após aceder a pira, Edilson se soltou mais e agradeceu por estar ali. "Tenho que agradecer muito minha escola e minha família. É uma honra muito grande. Eu não quero nada de preconceito, só quero um mundo melhor e mais justo", pediu o garoto.
Para Rui Aguiar, coordenador do escritório do Unicef em Fortaleza, ele é o típico adolescente que representa os meninos que vão ser bem sucedidos.
"A partir da garantia de direitos para o desenvolvimento da criança, todos podem dar certo. Eu tenho muita fé de que a gente pode assegurar o direito à educação e ao esporte na escola. Um projeto que permitisse o acesso universal ao esporte seria o grande legado dos Jogos Olímpicos”, observa.